quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Projeto para escolas; "África Viva"

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
CEAFRO - Conceição da Barra


IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Nome do Projeto: África Viva
Público alvo: Escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental do município
Responsável pelo projeto: Maria Auxiliadora de Freitas Corrêa – Coordenadora da CEAFRO (Comissão de estudos afro-brasileiros) do município.


“Espero que a educação
Em seus mais sábios preceitos,
transforme nossa nação
abolindo preconceitos”
Elen de Novais Felix

JUSTIFICATIVA
O projeto interdisciplinar em questão foi elaborado a partir das necessidades dos alunos de reconhecer a diversidade étnico-racial e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana, bem como suas raízes, mistérios, encantos e desencantos.
Vivemos em um país em que a maioria da população é composta por negros e afro-descendentes. São mais de 70 milhões de pessoas, o que faz do Brasil o maior país africano fora da África (dados do IBGE). A população do nosso município apresenta um índice que ultrapassa 70% de negros, por isso, veio a preocupação de resgatarmos e difundirmos a cultura negra como efetiva manifestação histórica. É inaceitável que um país e um município com essas características, manifestem o racismo e a discriminação social.
A escola como entidade que visa à transformação, à formação e à integração dos indivíduos na sociedade deve ter seu papel de mediadora no processo de valorização e difusão da cultura afro-brasileira, como forma de recuperar a auto-estima e a identidade étnica. Em decorrência da obrigatoriedade da implementação da Lei 10.639/03 nas escolas e da necessidade de desconstruir os estereótipos e comportamentos instituídos em relação aos negros, propomos o projeto a seguir com o intuito de promover a construção de uma identidade étnico-racial positiva no âmbito escolar.
Certamente este trabalho é um primeiro passo para desenvolver ações envolvendo o Ensino de História e a Cultura Afro-brasileira e Africana na escola, indo além do silêncio acerca da questão étnico-racial possibilitando criar um cenário de reelaboração das relações que se estabelecem dentro e fora do campo educacional.

OBJETIVO GERAL
-Refletir sobre a contribuição real do povo negro para a sociedade barrense e brasileira, despertando no discente o respeito mútuo, o reconhecimento das diferenças e a possibilidade de se falar sobre as diferenças sem medo, receio ou preconceito.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS
-Conhecer, valorizar, difundir e resgatar a cultura afro-brasileira;
- Proporcionar a elevação da auto-estima dos estudantes negros;
- Desenvolver nas escolas o respeito e a valorização da história africana;
- Criar oportunidades para que os alunos e professores, enfim, toda a
comunidade escolar conheça a trajetória histórica do povo negro brasileiro na construção de sua cidadania plena;
-Instrumentalizar o aluno negro (que é maioria na escola pública), para que seja sujeito de sua própria história, enfrentando de forma crítica os desafios que lhe serão apresentados.
-Traduzir os conhecimentos sobre cultura afro-brasileira e africana em condutas de indagação, análise, problematização e protagonismo.


METODOLOGIA
Reunião com o corpo docente da escola para apresentação do projeto e traçar rumos para o desenvolvimento do mesmo. O interesse e a curiosidade dos alunos devem ser despertados através da sensibilização.
Pode ser através de um filme, texto informativo, análise de letra de músicas, apresentação de capoeira etc. Na seqüência, o diálogo é fundamental para estabelecer a discussão a respeito do preconceito, mostrando que o país com o maior número de negros do mundo fora da África não resolveu o seu passado. Pode ser aplicado um questionário, em sala de aula, com o objetivo de detectar a percepção dos alunos frente aos problemas enfrentados pelos negros nos espaços sócio-culturais do município, do estado e do país.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES
 Educação Infantil
Leitura de história infantis que valorizam a diversidade (“Bruna e a galinha D'Angola”, “Menina Bonita do Laço de Fita”,”A bonequinha Preta”...)
Apresentação de filmes (sugestão: Kirikú e a Feiticeira)
Interpretação oral e pictórica dos filmes e textos lidos;
Diálogo sobre preconceito em roda de conversa;
Músicas e artes plásticas;
Recorte e colagem (imagens que respeitam as diferenças)
Encenação de histórias;
Desfile de penteados afros;
Confecção de bonecas negras;
Apresente músicas brasileiras de ritmos de origem africana (como o samba e o maracatu) e converse com as crianças sobre elas;
Pesquisar a história de alimentos de origem africana. Melhor ainda se houver degustação com o apoio dos pais.

Literatura
Trabalho sobre o negro na literatura brasileira, tais como: Machado de Assis, Luís Gama, Lima Barreto, Milton Santos, Elisa Lucinda, dentre outros.
Elaborar um fichamento sobre as obras literárias de escritores negros,
Matemática
Levantamento de pessoas negras que exercem profissões liberais.
Pesquisar salários de pessoas negras.
Estudar sobre a importância do negro na história da matemática.
Pesquisar sobre a etnomatemática
Levantamento de dados e confecção de gráficos sobre as diferentes etnias da nossa escola.
Ciências
Estudar sobre a concepção de meio ambiente trazida pelos povos negros.
Estudar sobre a anemia falciforme e os grupos étnicos acometidos.
Estudar a questão da alimentação na cultura negra
Geografia
Estudar a economia, países, povos, etnias e culturas do continente africano.
Localizar geograficamente a antiga República de Palmares.
Localizar as comunidades remanescentes de quilombos
Visita de campo ao Rio São Domingos (trilha quilombola) que faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Itaúnas,local onde se ergueu o mais importante foco de resistência escrava do ES: O Quilombo do Morro.
Filosofia
Debates, pesquisas e reflexões enfocando a temática “Respeito às diferenças”.
Usar charges para analisar criticamente fatos de discriminações e racismos com os quais os alunos poderão fazer analogia com a sua realidade.
História
Entrevistas a pessoas negras da comunidade referentes a histórias de brincadeiras, de trabalho, de festejos, de celebrações religiosas, da vida na escola, comidas típica, etc. Os depoimentos orais colhidos pelos alunos serão transformados em textos que servirão de embasamento para o resgate da memória local.
Temas para pesquisas/seminários:
- A história do povo negro brasileiro (história da escravização do negro e seu envio para o Brasil; a verdadeira participação do negro na construção da cultura e da identidade brasileira; direitos humanos e personalidades que se destacaram nesse aspecto)
- A história da resistência negra (história das diversas formas de resistência do povo negro à escravidão; biografia de Zumbi; a importância de Zumbi para todos os brasileiros, como símbolo de resistência ao poder colonial).
- Situação atual do povo negro brasileiro e a construção de sua cidadania (o movimento negro na atualidade; o movimento negro no Brasil; resistência negra pós-abolição).
Educação Física e Artes
O professor deve trabalhar a capoeira no passado e no presente. No passado como instrumento de combate e defesa dos africanos e atualmente promovendo o equilíbrio do corpo e do espírito. Na culminância do projeto será apresentada a roda de capoeira.
Oficina de máscaras e de instrumentos musicais confeccionados com sucatas.
Oficina de dança afro e percussão.
Língua Portuguesa
Elaboração de redações, inspiradas em temas tais como: racismo, preconceito, discriminação, xenofobia, intolerância, o negro na mídia, o negro nos esportes, o negro nas artes etc.
Produção de texto coletivo com palavras de origem africana.
Pesquisar sobre a culinária afro-brasileira.
Produção de histórias em quadrinhos.
Produção de paródias, raps e poemas sobre o tema.
Caça-palavras com palavras de origem africana.
Elaboração de um texto a partir da análise de reportagens de revistas, jornais e panfletos que abordem o tema proposto.
Leitura e debate de textos e/ou reportagens que abordem o tema: “Cotas para negros nas universidades”.
Visita a uma comunidade quilombola, seguida de uma produção de texto, onde os alunos vão fazer um comentário sobre a visita apresentando-o a turma.
Formar grupos onde cada um irá escolher um país africano de Língua Portuguesa e levantar dados sobre os grupos étnicos que nele vivem atualmente, modo de vida dos seus habitantes, línguas ou dialetos falados simultaneamente ao português.
Estudar palavras de origem africana que são comuns em nosso idioma,confeccionando um dicionário contendo esses termos.

Atividades diversas
Desfile da beleza negra.
Montagem da maquete do Quilombo de Palmares.
Formar grupos de teatro com a proposta de interpretar e encenar textos que reflitam a questão racial, seguidos de discussões sobre o assunto retratado.
Montagem de um mural, com o título “História da África e Cultura Afro-Brasileira”, onde serão colocadas gravuras, frases, poesias, letras de músicas, etc.

CULMINÂNCIA
No dia 20 de novembro deverá acontecer a culminância do projeto com exposição dos trabalhos realizados, danças, dramatizações, poesias e palestra sobre o tema em discussão.

AVALIAÇÃO
Os professores deverão observar o envolvimento dos alunos ao longo do projeto, observando a participação para poder avaliá-los (inclusive com notas). No final, deverá ser cobrada uma auto-avaliação do aluno e os professores farão uma análise dos resultados alcançados e deverão levantar os seguintes questionamentos: Será que o projeto implicou uma mudança íntima em cada um de nós?Nos fez reavaliar nossas ações, conceitos, “pré-conceitos” e posturas ligadas às questões étnico-raciais?Nos fez enxergar o que fizeram conosco e o que efetivamente não queremos ser?

Bibliografia
Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD,2006
Superando o Racismo na escola na escola, 2ª edição revisada/Kabengele Munanga, organizador.-[Brasília]: Ministério da Educação, SECAD,2008.

Links:
Revista Raça Brasil http://racabrasil.uol.com.br/
Portal Afro http://www.portalafro.com.br/
NEAB/UFSCar http://www.ufscar.br/~ubuntu/
Questão étnico-racial (artigos, notícias) http://www.afirma.inf.br
A Cor da Cultura www.acordacultura.org.br
Bolando aula de História www.grubas.com.br/bolando-aula-história.asp

Lei Nº 10.639/03

LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art.1º A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)"
"Art. 79-A. (VETADO)"

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182º da Independência e 115º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 10.1.2003

Baobá


O Baobá é uma das árvores mais antigas da terra. Modernos métodos de avaliação, tal como o do carbono radioativo, revelam que uma árvore de 5 metros de diâmetro (a média é de 10 metros) tem 1.010 anos de idade. Antes da utilização de técnicas avançadas, a idade dessas árvores era avaliada pela leitura de datas inscritas no tronco pelos primeiros exploradores alguns deles do século XV(...)
O poeta Diogenes da Cunha Lima, comprou um terreno em Natal, Rio Grande do Norte para salvar uma árvore, um gigantesco baobá.São conhecidas apenas 20 árvores no país. Em Pernambuco estão dezesseis, 3 no Rio Grande do Norte 1 no Ceará e 1 no Rio de Janeiro. O Baobá se transformou num dos principais personagens do livro O Pequeno Principe, de Saint-Exupéry, editado pela primeira vez, em Nova York, em 1943. Diogenes da Cunha Lima garante que antes de ser famoso na década de 30, Saint-Exupéry pousou seu avião em Natal , e foi na cidade do Sol que ele conheceu o baobá.
"O solo do planeta estava infestado. E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele Atravanca todo o planeta, é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando. Meninos! Cuidado com os baobás!" (Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Principe.)
Textos transcritos do artigo do Dr. Diogenes da Cunha Lima e Claire Dellatola
Colaboração do Professor Mauricio Wieler
O Baobá em si, é uma árvore muito conhecida, mas ao mesmo tempo muito enigmática. Várias pessoas não conhecem ainda um Baobá, e para cada uma delas, essa árvore exuberante e cheia de mistérios, pode ter um significado diferente.Na África,eles têm o poder do encantamento. São tidos como sagrados (Grifo nosso -CEAFRO).

Pedro Kitoko fala sobre africanidades e direitos humanos em palestra


Palestra com Pedro Kitoko

O auditório da UAB ficou lotado na noite do dia  08/10/2009, durante a realização da palestra Africanidades e Direitos Humanos, ministrada pelo doutor em Saúde Pública pela USP, professor e pesquisador, Pedro Makumbundo Kitoko.
A palestra foi uma realização da Comissão de Estudos Afro-brasileiros – CEAFRO em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. A explanação foi direcionada a um novo modo de convivência, respeito aos direitos e à dignidade humana e, principalmente para a exigência ética de reconhecimento do “outro”.
O evento contou com a participação dos alunos do curso de História e Cultura Afro-brasileira e Africana oferecido pela Ceafro, dos estudantes do ensino médio da escola Joaquim Fonseca, de diretores e supervisores escolares das redes municipal e estadual de ensino, além dos alunos e funcionários da UAB. A secretária municipal de Turismo, Cultura e Meio Ambiente, Ana Angélica Motta, também participou e prestigiou o evento, que foi coordenado por Maria Auxiliadora de Freitas Corrêa.
Pedro Kitoko é um ativo na criação da força tarefa para a superação da fome nas aldeias indígenas e na análise da insegurança alimentar nos quilombos. É presidente do CONSEA-ES, atuou no mapeamento da alimentação infantil em diferentes municípios brasileiros e faz parte do combate à fome em África desde 1970.


Seja bem-vindo ao blog da CEAFRO

Você está sendo convidado a tornar-se um(a) multiplicador(a) na implementação da Lei Nº 10.639/03.
Mergulhe no universo da História e da cultura africanas e afro-brasileiras e verá que será desafiado a aguçar seus sentidos para perceber a presença negra/africana em nossa vida.

Caloroso axé!